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Quando o assunto são as artes e suas manifestações, existe uma ideia de que elas surgem de um dom, que são intrínsecas aos artistas que a manifestam de forma natural, por fazer parte de quem eles são. Com a música a história não é diferente: se o talento para ela não se manifesta já na infância, poucos são os que buscam desenvolvê-la depois, por entenderem não ter nascido para realizar essa atividade.  

LUCIANA

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Para Luciana Aparecida Schmidt dos Santos, flautista e proprietária do Estúdio Flauta e Fole, essa concepção do fazer musical é errônea e impede que muitos talentos sejam desenvolvidos. A partir de sua própria experiência na área, ela viu que mais do que um dom, a música é uma resposta à dedicação direcionada a ela.  

Foi essa dedicação que a trouxe de Pirapó, distrito de Apucarana, para Londrina, onde cursou música na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e onde construiu sua vida com sua família ao redor do fazer musical.

 

Ainda na infância, Luciana ficava admirada pelos instrumentos que via tocar na Igreja e logo demonstrou interesse em aprender mais sobre eles. O órgão foi o primeiro instrumento no qual se especializou e, com apenas 16 anos, já oferecia aulas no seu distrito para aqueles que também queriam aprender.  

Do órgão passou à flauta doce, e das salas da universidade passou para as salas de aula do Colégio Mãe de Deus, onde lecionou música por 16 anos. Quando foi direcionada a ofertar aulas de flauta doce no Colégio, Luciana se viu em uma situação desafiadora, em que os métodos tradicionais de aprendizagem da flauta não funcionavam no ensino regular. Foi nesse momento que o Método Suzuki entrou em sua vida.  

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Através de sua amiga e flautista Renata Pereira, Luciana teve contato com o método desenvolvido pelo filósofo e violinista Shinichi Suzuki, que acreditava ser possível desenvolver as habilidades musicais em crianças de 0 a 6 anos da mesma forma que elas aprendiam sua língua materna.  

Em sua filosofia, Suzuki afirmava que a música tem o poder de desenvolver os aspectos comportamentais e cognitivos das crianças por meio do estímulo musical em um ambiente de cooperação e flexibilidade. Além disso, a participação das famílias nesse processo é essencial e é uma das diferenças mais notadas entre o Método Suzuki e o ensino tradicional da música.  

Foi da demanda das próprias famílias de seus alunos, que não queriam perder os vínculos criados durante as aulas, que o Estúdio Flauta e Fole surgiu. Com seu marido e músico de acordeon, Miguel Santos, o casal começou a lecionar na sala de sua própria casa, até a construção do estúdio no segundo andar dela. Logo, a demanda do Estúdio foi crescendo e o casal passou a se dedicar totalmente a ele e aos seus, atualmente, mais de 70 alunos.  

Com a presença das crianças e de seus pais, a casa da família está sempre cheia de pessoas e histórias que crescem com eles. Um trabalho que vai muito além da música, mas que visa a criação de vínculos, a construção de memórias e a realização de sonhos.  

Nessa relação próxima entre trabalho e vida pessoal, se mistura também a relação familiar de Luciana. Ao conhecer seu marido em um baile quando estava no segundo ano de faculdade, Luciana e Miguel iniciaram ali uma jornada ligada a música que também reverberaria na vida de seus filhos. Giovana e Gabriel participavam das aulas dos pais quando ainda eram bebês e, como consequência, desenvolveram seus próprios talentos e aptidões na música, sendo hoje parte ativa do Estúdio como professores e monitores de piano e flauta doce.  

Mesmo com os desafios de saber relacionar e separar trabalho de vida familiar, Luciana afirma que todos amam fazer parte do Estúdio e que conversar sobre trabalho não é um problema, mas algo natural e recorrente entre eles. 

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Além das aulas, a família também realiza todos os anos o projeto Maratona Flauta e Fole, que promove palestras, treinamentos, concertos e visitas voluntárias a hospitais, asilos e escolas para levar alegria em forma de música para outras pessoas. Desde a quarta edição, o projeto tem apoio da Lei Rouanet, que viabilizou seu crescimento e expansão.

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Com tantas vidas impactadas ao longo desses anos de trabalho e dedicação à música, Luciana se emociona ao constatar que sua grande conquista foi não ter desistido do curso no seu segundo ano na graduação. Segundo ela, o apoio que recebeu da professora Lucy Schimiti naquela época foi essencial para a conclusão dos seus estudos nessa área.   

E hoje, com a casa sempre cheia de alunos, com grandes amizades e com os filhos trilhando seus próprios caminhos, Luciana encoraja, assim como ela foi encorajada um dia, aqueles que querem trazer a música para a vida de suas famílias. Afinal, como ela mesma diz:   

 

 

 

 

 

 

O acesso a música é um direito de todas as pessoas, de qualquer idade, mas se você tem filho, quanto mais cedo ele tiver direito de acesso à música, mais sensível ele vai ser frente ao mundo. Não é só sobre tocar um instrumento. Tocar um instrumento exige muitas habilidades, e essas habilidades vão refletir em todas as áreas da vida dele. Então, exerça esse direito para o seu filho.

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© 2024 por Julia Royer. Criado com Wix.com

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